segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Esperança

Tenho esperança que este texto fique bom.
Bom, ainda continua medíocre, poucas palavras, objetivo obscuro. Mas ainda tenho esperanças. E aguardo...
Continua na mesma. Talvez o tenha piorado. Acho que vou partir para um plano “B”. Porém não há plano “B” e o meu texto continua ruim. Porque eu não fiz um plano “B”? Será que esperei demais?
Nestas minhas andanças pelo vale da programação, sempre me deparei com a tentação de esperar que tudo se ajeitasse. Com isto, acabava por desconsiderar questões básicas como planejamento, estratégias de exceção, análises, saídas alternativas. Excesso de confiança? Com toda certeza.
Não que eu não merecesse tal confiança, mas o caso é que por inúmeras vezes acreditei que era capaz de realizar o impossível e esperava, como sempre, de fato conseguir. E esperava, esperava e apenas confiava, sem nenhum trabalho extra.
Uma ilusão, pois sempre trabalhei mais para não realizar absolutamente nada. Um exemplo, um certo cliente pediu-me que desenvolvesse toda uma aplicação de gestão de Planos de Ação, mas havia um problema: como haveria uma auditoria, era necessário que o sistema estivesse disponível em duas semanas. Fora isto, o cliente ficava 80% do tempo indisponível para levantamento de informações e havia uma distância geográfica considerável. Estava em Minas e ele no Mato Grosso.
Não é necessário estender a história ou detalhar fatos. O sistema não ficou pronto a tempo. Precisei ir ao MT e lá trabalhar por cerca de 15 horas por dia e, não entregar um sistema funcional, mas um amontoado de protótipos que iam do nada a lugar nenhum. Atendeu à auditoria, mas corroeu-me por dentro. Senti-me frustrado. O tempo todo tinha esperanças que terminaria, mas isto não aconteceu. E eu não tinha um planejamento, uma plano de contingência, nada. Apenas esperança.
Não posso entrar no mérito da fé, isto muito íntimo de cada um. Porém, no mundo da responsabilidade, a ação é o que vale. Você pode até esperar ser um programador melhor, uma pessoa melhor, ter mais grana. Espere o quanto quiser. Se não agir, será apenas mais um a esperar.
Hoje, reconheço que precisarei reescrever este texto inúmeras vezes até que o mesmo possa ter um mínimo de aceitabilidade pelo leitor. Hoje reconheço e assumo o compromisso de agir em função daquilo que produzo, e não o contrário. Por todo o tempo que esperei minha produção agir a meu favor ela sequer foi produzida. Sim, porque algo mal feito não se difere de algo não feito.
Para que um coisa, um programa exista, é necessário que ele saia do mundo das ideias. É preciso se esforçar, limpar a forma, manuseá-la com cuidado, agradar Platão. Não se deve esperar que fique pronto. Um programa não é um bolo. É a sua ideia, a sua produção.
Mas o que diferencia o trabalho que realizo enquanto espero e confio, de um trabalho de ação que atinja o objetivo esperado? Ora, não estou trabalhando da mesma forma? A resposta é não. Manipular conhecimento é diferente de produzi-lo. Ajuntar códigos com o objetivo de simplesmente entregar algo pronto, é muito diferente escrever um login pensando em quem vai utilizá-lo.
Vou revelar um medo que guardo comigo: de que os programadores se tornem digitadores. Não possuo fontes sobre esta vertente, nem posso provar que ela ocorra. Mas guardo um medo de que isto possa acontecer. Sempre me pergunto quanto de mim está presente num programa, numa análise. Não é uma questão de uma assinatura, mas simplesmente de personalidade.
Assim como eu, minhas produções possuem defeitos, qualidades. Mas quanto destes defeitos são meus? E as qualidades? Não que seja errado aplicar algo de bom encontrado na net, mas o que qualifica este algo como algo bom? A minha análise, o meu conhecimento conversando com o conhecimento do outro e formando um novo conhecimento.
Para isto, algumas horas de leitura sempre ajudam. Debates em foruns, com colegas de trabalho sempre acrescentam. Por isto não posso apenas esperar que algo dê certo, é preciso compreender o que é o certo para este algo e suas implicações.
Mas não vou conseguir saber tudo. E isto é o que há de melhor. Sempre há oportunidade para um novo conhecer. Trazer uma ideia do mundo das formas para o mundo real é um processo. Fazer o mundo real compreender esta ideia é um progresso. Levar esta compreensão à origem, ao mundo das ideias para que as novas formas já a tenham impressa, é partilhar conhecimento.
Hoje, sempre que penso em esperar, em ter esperança sobre algo, começo logo a planejar; boto o meu conhecer para “papear” com o conhecimento de outros. E você, o que espera para si? Ou já está agindo?

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